O neurocirurgião Eben Alexander III era um cético com 25 anos de profissão, tendo trabalhado no Brigham & Women´s Hospital e na Escola de Medicina de Harvard, entre outros. Há quatro anos, após contrair uma meningite bacteriana, ele viveu uma experiência de quase morte (EQM) durante sete dias de coma e escreveu o livro “Uma prova do Céu” (Ed. Sextante) contando a história que mudou sua vida.
No livro o senhor diz que a consciência não depende do cérebro porque seu neocórtex estava destruído pela meningite bacteriana e, mesmo assim, o senhor viveu uma experiência intensa durante o coma. Os médicos fizeram algum exame para provar que seu neocórtex estava destruído?
As evidências para isso estão exames neurológicos, nas tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas que foram feitas durante o coma. Eu adoraria que tivessem feito um eletroencefalograma de alta resolução, mas meus médicos não viram razão para isso, já que eu estava devastado pela meningite e não estava em questão o quanto de meu cérebro funcionava, mas se funcionava. Os exames que foram feitos mostram que todo o meu cérebro foi afetado pela meningite de forma profunda.
A neurociência diz que isto é impossível...
Isto porque alguns neurocientistas têm uma visão muito limitada de que a consciência é criada pelo cérebro. E esta visão está fora de moda. Um dos livros que usei como referên cia é o “Irreducible mind: Towards a Psychology for the 21st Century”, 800 páginas com informações e dados que apoiam que a consciência não é local. A neurociência convencional é falha, errada, falsa, cairá em breve e há alguns neurocientistas que dizem que isso não pode ter acontecido comigo, que foi alucinação porque meu neocórtex estava danificado.
Mas os danos no neocórtex não poderiam ter criado as imagens e a experiência, como uma ilusão?
Não. E eu menciono estas hipóteses no livro, antes de escrever tentei descobrir como isso tinha acontecido no meu cérebro. Para mim e para os médicos, com todos os exames e o estado do meu cérebro, não teria como essas experiências terem acontecido. O que parecia inicialmente é que as experiências tinham acontecido quando eu estava voltando do coma, pouco antes de acordar. Mas isto aconteceu 18 horas antes de eu acordar, embora pareça que tenham durado meses. Mesmo depois que eu saí do coma eu falava e interagia com as pessoas como se eu estivesse em um delírio paranoico que durou 36 horas e isto explica meu cérebro tentando voltar. As memórias daquele delírio se perderam em semanas; as memórias do coma profundo estão claras hoje como há quatro anos.
O senhor ainda lembra então?
Sim, no início comecei a escrever tudo com medo de esquecer, mais ou menos como um sonho, que escrevemos com medo que a lembrança vá embora. Mas a memória do período de coma profundo está afiada e clara como se tivesse acontecido hoje.
Quando o senhor saiu do coma questionou a experiência?
Sim, desde o início. Eu achava que o que tinha acontecido não poderia passar de um fenômeno cerebral. Quando saí do coma lembrei de tudo durante o coma e nada antes disso, nada da minha vida, nenhuma palavra, não tinha ideia do que as palavras queriam dizer.
Como se o senhor fosse de outro planeta?
Exatamente. Não havia linguagem na experiência de coma profundo, apenas conceitos mais profundos que nossa mente linguística, por isso foi tão difícil trazê-los de volta.
Mas lendo o livro parece impossível voltar de um coma com o cérebro tão danificado...
Exatamente. Meus médicos dizem que não têm ideia de como isso aconteceu, não há explicação médica para isso. Minha melhor explicação, depois de ler vários relatos de EQM é que as pessoas que voltam, voltam porque escolhem voltar. E têm uma cura milagrosa. Um dos exemplos disso é um livro publicado um ano antes do meu, chamado “Dying to be me”, no qual uma mulher com linfoma em coma tinha linfonodos do tamanho de laranjas por todo o corpo, passou por uma EQM, voltou à vida e nos dias seguintes o câncer desapareceu. Para mim, como curador, isto traz à tona muitas questões interessantes sobre como conseguimos ser curados, como o poder da oração age, como alguém pode usar este poder para curar o corpo físico.
Qual foi a maior mudança na sua vida?
Acredito que a maior mudança tenha sido que minha jornada prova que a consciência não depende do cérebro, está num nível muito mais elevado e esta é a transformação mais profunda que muda tudo. Hoje eu percebo que doenças e dificuldades são oportunidades de crescimento, que estamos aqui por uma razão e que nossas vidas não devem ser fáceis. Estar aqui nos permite exercer o livre arbítrio e podemos escolher um caminho de amor incondicional ou algo completamente diferente. É um entendimento completamente diferente sobre a natureza da existência, do por quê estamos aqui, percebendo que este mundo material é uma ilusão persistente, passado e futuro não são o que parecem ser.
O senhor viu Deus?
Este Deus não é algo que se vê, você sente aquela presença na sua existência. Minha primeira consciência disso foi quando cheguei no portão, vi o vale de borboletas, a luz brilhante, a menina bonita que me acompanhava e os anjos acima. Esta foi minha consciência do divino, do amor incondicional. Deus não tem um rosto, um gênero, é mais poderoso do que se possa imaginar e está acima de qualquer palavra, por isso o chamo no livro de Om, que era o som que eu ouvia quando estava naquele lugar. Deus é uma palavra humana pequena e qualquer descrição que demos está aquém. Por isso é uma piada que a ciência moderna tenha uma teoria para tudo, é como se a ciência fosse um chimpanzé perto do entendimento de tudo.
O senhor é um homem religioso?
Sim, sou muito religioso, sei que Deus é absolutamente real.
Mas de alguma religião específica?
Eu frequento a Igreja Episcopal, sou cristão, embora saiba que as religiões que dizem que são as melhores são parte do pensamento humano disfuncional porque este Deus ama igualmente cristãos, judeus, muçulmanos, ateus, hindus, céticos porque o amor é incondicional e infinito.
Por que o senhor acha que isso aconteceu?
Primeiro eu achava que era um fenômeno cerebral, depois me convenci de que era real mas achava que tinha acontecido no meu cérebro e me perguntava sobre esta situação tão rara que é uma meningite bacteriana em um adulto, geralmente letal, não tenho ideia de como a contraí; passei pelo coma que aparentemente era sem recuperação e eu voltei sem explicação alguma e algumas pessoas dizem que estou melhor do que eu era, em termos de funcionamento cerebral. Tudo isto para mim me ajudou a me manter focado. Tudo isto não tem a ver comigo, não sou eu que sou especial, esta mensagem é que é especial.
O senhor acha que se pode prescindir do cérebro, já que ele não cria a consciência? O cérebro não cria consciência, ele é um filtro que a reduz para que possamos compreendê-la e funcionar aqui no nosso aqui e agora. Eu tenho um exemplo de um colega de profissão que viu o pai em estado terminal conversar com a alma de sua mãe que tinha morrido num campo de concentração. Ele não via a alma da avó, mas via o pai conversando com ela no quarto do hospital e ouvia as histórias que o pai já tinha contado a ele mas que não tinha podido reproduzir em dois anos porque sofria de demência. Meu amigo sabia que aquilo era real, mas era um neurocientista top e não conseguia explicar aquilo. Quando eu contei minha história ele ficou pasmo e ligou as duas coisas. Outro exemplo são as pessoas que sofrem algum acidente como uma batida na cabeça ou passam por uma doença como um derrame e acessam uma espécie de super habilidade, como memorizar um catálogo telefones ou olhar para um mapa por segundos e reproduzi-lo. Isto é comum no meu campo de atuação e não há explicação. E é este meu ponto: quando se danifica o cérebro se permite o acesso a outras habilidades, a uma consciência maior.
O senhor ainda trabalha como neurocirurgião?
Não fazendo cirurgias. No momento estou muito ocupado e não teria como cumprir as exigências que um paciente exige. Mas espero voltar a lidar com pacientes terminais, com cuidado com pacientes que hoje é diferente para mim.
O senhor se sente estranho sendo um neurocirurgião sem acreditar tanto no cérebro?
Não. Tudo tem a ver com o entendimento de nossa existência. Estou fascinado sobre a consciência mas a ciência convencional não tem conseguido explicar e há uma razão para isso. Estou muito interessado em investigar mais a fundo.
Via Jornal Extra
As evidências para isso estão exames neurológicos, nas tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas que foram feitas durante o coma. Eu adoraria que tivessem feito um eletroencefalograma de alta resolução, mas meus médicos não viram razão para isso, já que eu estava devastado pela meningite e não estava em questão o quanto de meu cérebro funcionava, mas se funcionava. Os exames que foram feitos mostram que todo o meu cérebro foi afetado pela meningite de forma profunda.
A neurociência diz que isto é impossível...
Isto porque alguns neurocientistas têm uma visão muito limitada de que a consciência é criada pelo cérebro. E esta visão está fora de moda. Um dos livros que usei como referên cia é o “Irreducible mind: Towards a Psychology for the 21st Century”, 800 páginas com informações e dados que apoiam que a consciência não é local. A neurociência convencional é falha, errada, falsa, cairá em breve e há alguns neurocientistas que dizem que isso não pode ter acontecido comigo, que foi alucinação porque meu neocórtex estava danificado.
Mas os danos no neocórtex não poderiam ter criado as imagens e a experiência, como uma ilusão?
Não. E eu menciono estas hipóteses no livro, antes de escrever tentei descobrir como isso tinha acontecido no meu cérebro. Para mim e para os médicos, com todos os exames e o estado do meu cérebro, não teria como essas experiências terem acontecido. O que parecia inicialmente é que as experiências tinham acontecido quando eu estava voltando do coma, pouco antes de acordar. Mas isto aconteceu 18 horas antes de eu acordar, embora pareça que tenham durado meses. Mesmo depois que eu saí do coma eu falava e interagia com as pessoas como se eu estivesse em um delírio paranoico que durou 36 horas e isto explica meu cérebro tentando voltar. As memórias daquele delírio se perderam em semanas; as memórias do coma profundo estão claras hoje como há quatro anos.
O senhor ainda lembra então?
Sim, no início comecei a escrever tudo com medo de esquecer, mais ou menos como um sonho, que escrevemos com medo que a lembrança vá embora. Mas a memória do período de coma profundo está afiada e clara como se tivesse acontecido hoje.
Quando o senhor saiu do coma questionou a experiência?
Sim, desde o início. Eu achava que o que tinha acontecido não poderia passar de um fenômeno cerebral. Quando saí do coma lembrei de tudo durante o coma e nada antes disso, nada da minha vida, nenhuma palavra, não tinha ideia do que as palavras queriam dizer.
Como se o senhor fosse de outro planeta?
Exatamente. Não havia linguagem na experiência de coma profundo, apenas conceitos mais profundos que nossa mente linguística, por isso foi tão difícil trazê-los de volta.
Mas lendo o livro parece impossível voltar de um coma com o cérebro tão danificado...
Exatamente. Meus médicos dizem que não têm ideia de como isso aconteceu, não há explicação médica para isso. Minha melhor explicação, depois de ler vários relatos de EQM é que as pessoas que voltam, voltam porque escolhem voltar. E têm uma cura milagrosa. Um dos exemplos disso é um livro publicado um ano antes do meu, chamado “Dying to be me”, no qual uma mulher com linfoma em coma tinha linfonodos do tamanho de laranjas por todo o corpo, passou por uma EQM, voltou à vida e nos dias seguintes o câncer desapareceu. Para mim, como curador, isto traz à tona muitas questões interessantes sobre como conseguimos ser curados, como o poder da oração age, como alguém pode usar este poder para curar o corpo físico.
Qual foi a maior mudança na sua vida?
Acredito que a maior mudança tenha sido que minha jornada prova que a consciência não depende do cérebro, está num nível muito mais elevado e esta é a transformação mais profunda que muda tudo. Hoje eu percebo que doenças e dificuldades são oportunidades de crescimento, que estamos aqui por uma razão e que nossas vidas não devem ser fáceis. Estar aqui nos permite exercer o livre arbítrio e podemos escolher um caminho de amor incondicional ou algo completamente diferente. É um entendimento completamente diferente sobre a natureza da existência, do por quê estamos aqui, percebendo que este mundo material é uma ilusão persistente, passado e futuro não são o que parecem ser.
O senhor viu Deus?
Este Deus não é algo que se vê, você sente aquela presença na sua existência. Minha primeira consciência disso foi quando cheguei no portão, vi o vale de borboletas, a luz brilhante, a menina bonita que me acompanhava e os anjos acima. Esta foi minha consciência do divino, do amor incondicional. Deus não tem um rosto, um gênero, é mais poderoso do que se possa imaginar e está acima de qualquer palavra, por isso o chamo no livro de Om, que era o som que eu ouvia quando estava naquele lugar. Deus é uma palavra humana pequena e qualquer descrição que demos está aquém. Por isso é uma piada que a ciência moderna tenha uma teoria para tudo, é como se a ciência fosse um chimpanzé perto do entendimento de tudo.
O senhor é um homem religioso?
Sim, sou muito religioso, sei que Deus é absolutamente real.
Mas de alguma religião específica?
Eu frequento a Igreja Episcopal, sou cristão, embora saiba que as religiões que dizem que são as melhores são parte do pensamento humano disfuncional porque este Deus ama igualmente cristãos, judeus, muçulmanos, ateus, hindus, céticos porque o amor é incondicional e infinito.
Por que o senhor acha que isso aconteceu?
Primeiro eu achava que era um fenômeno cerebral, depois me convenci de que era real mas achava que tinha acontecido no meu cérebro e me perguntava sobre esta situação tão rara que é uma meningite bacteriana em um adulto, geralmente letal, não tenho ideia de como a contraí; passei pelo coma que aparentemente era sem recuperação e eu voltei sem explicação alguma e algumas pessoas dizem que estou melhor do que eu era, em termos de funcionamento cerebral. Tudo isto para mim me ajudou a me manter focado. Tudo isto não tem a ver comigo, não sou eu que sou especial, esta mensagem é que é especial.
O senhor acha que se pode prescindir do cérebro, já que ele não cria a consciência? O cérebro não cria consciência, ele é um filtro que a reduz para que possamos compreendê-la e funcionar aqui no nosso aqui e agora. Eu tenho um exemplo de um colega de profissão que viu o pai em estado terminal conversar com a alma de sua mãe que tinha morrido num campo de concentração. Ele não via a alma da avó, mas via o pai conversando com ela no quarto do hospital e ouvia as histórias que o pai já tinha contado a ele mas que não tinha podido reproduzir em dois anos porque sofria de demência. Meu amigo sabia que aquilo era real, mas era um neurocientista top e não conseguia explicar aquilo. Quando eu contei minha história ele ficou pasmo e ligou as duas coisas. Outro exemplo são as pessoas que sofrem algum acidente como uma batida na cabeça ou passam por uma doença como um derrame e acessam uma espécie de super habilidade, como memorizar um catálogo telefones ou olhar para um mapa por segundos e reproduzi-lo. Isto é comum no meu campo de atuação e não há explicação. E é este meu ponto: quando se danifica o cérebro se permite o acesso a outras habilidades, a uma consciência maior.
O senhor ainda trabalha como neurocirurgião?
Não fazendo cirurgias. No momento estou muito ocupado e não teria como cumprir as exigências que um paciente exige. Mas espero voltar a lidar com pacientes terminais, com cuidado com pacientes que hoje é diferente para mim.
O senhor se sente estranho sendo um neurocirurgião sem acreditar tanto no cérebro?
Não. Tudo tem a ver com o entendimento de nossa existência. Estou fascinado sobre a consciência mas a ciência convencional não tem conseguido explicar e há uma razão para isso. Estou muito interessado em investigar mais a fundo.
Via Jornal Extra