Doug Funnie especial por ser comum

A década de 90 foi realmente especial para a Nickelodeon, emplacaram muitos programas de sucesso em live actions e desenho animado. Temos vários exemplos como o Kenan & Kel, Ren & Stimpy, Rugrats e A Vida Moderna de Rocko, mas de todos o que DISPARADO eu mais curtia era Doug Funnie. De 91 até 94 o desenho foi produzido pela Nick sendo essa a sua melhor fase, depois a Disney assumiu o programa com episódios de 96 até 99. Existem algumas diferenças entre as duas fases, desde a idade de Doug que antes tinha 11 anos e meio e depois, na Disney, com 12 anos e meio até as roupas, cortes de cabelo e a abertura do programa. Essas mudanças não foram bem recebidas e o público fã do original não deu muita moral para a versão da Disney.
No enredo acompanhamos Doug Funnie, um garoto comum, recém chegado na cidade. Nela ele não tem amigos, não conhece os lugares legais, ou seja, está totalmente deslocado. Quem já viveu experiência semelhante sabe bem como é difícil uma mudança desse porte nessa idade, ser novato na escola e na rua, não ter amigos para passar o tempo, tudo fica mais complicado. É claro que rapidamente ele faz uma grande amizade, arruma uma paquera e conhece seu algoz, mas o foda do desenho é a forma como tudo isso acontece, ele retrata bem a vida de um moleque dessa idade, era muito fácil se identificar com os personagens.


Diferente da maioria dos desenhos com jornadas épicas, onde adolescentes salvam o mundo, lutam com adultos ou são grandes prodígios nas mais diversas áreas, Doug é um rapaz bem comum que encara dilemas proporcionais à sua idade como bullying, autoconfiança, o medo do novo e timidez. Seus sonhos são os mesmo de qualquer garoto, ele quer ser um astro do rock, super herói, super espião e namorar a menina mais bonita da escola.
O ponto alto do desenho é sem dúvida a mente imaginativa do protagonista. Os personagens que ele criava como o Homem-Codorna e o espião internacional Smash Adans para viver e expressar suas vontades e desejos que muitas vezes não tinha a coragem de realizar é brilhante! Afinal, quem nunca se imaginou dando uma bela surra no valentão da escola logo depois dele ter zuado com sua cara na frente de todos?


Como o povo não se limita em assistir o desenho, algumas curiosidades até bem maldosas circulam por ai que eu mesmo não concordo. Apesar de sua população ser multicolorida tem gente por ai alegando racismo no programa, dizem que o fato do protagonista ser um dos únicos brancos assim como a menina mais desejada a Paty Maionese, mostra que os holofotes só devem estar apontados para as pessoas da raça ariana. Outros alegam que podemos perceber através das cores quem são os bem ou mal sucedidos. Já vi também a versão de que Doug nada mais é do que um menino em depressão que usa sua imaginação como escapismo, que o Roger Klotz é um valentão vítima de abuso e que a Paty na verdade é lésbica pelo fato de ter cabelo curto, vestir roupas masculinas e curtir mais as atividades dos meninos.
Polêmicas a parte, esse desenho marcou época, e é muito feliz na forma como retrata um garoto de 11 anos. Ele se divide entre as jornadas grandiosas dos desejos e da imaginação do Doug e os pequenos problemas que um rapaz dessa idade enfrenta de verdade. Lembro bem de um capítulo onde o Doug está maluco atrás de um cabeleireiro que consiga fazer o corte que ele gosta, afinal, o camarada que cortava o dele ficou em sua antiga cidade. São detalhes assim, que captam as pequenas mas verdadeiras preocupações de um jovem adolescente que fazem esse desenho ser tão especial.


Filme do Doug em live action feito por fãs. Ficou irado!


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